domingo, 21 de agosto de 2011

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA RELIGIOSA DE APODI - BIOGRAFIA DO PADRE PHILIPE BOUREL (II).



A  fundação  do  Apodi  representa um esforço da  civilização  espiritual no  meio  da  violência das  guerras entre a  nação  indígena, e  da  preocupação  econômica  dos curraleiros, cuja  atividade  foi, sem dúvidas,  importante  para  o  desenvolvimento econômico da  região.  Prejudicaram-na as  rivalidades  entre  os  chefes militares, Capitães-Móres e  autoridades  camarárias. Destrinçar,porém, o que há de verdade e de falso nos  capítulos  e informações  que  entrecruzam  às  dezenas, é assunto já  alheio  à
nossa  história. Não o é dizer que  foi de suma  importância  a atuação dos missionários  jesuítas, que no plano espiritual  agiram de forma
eficaz.
               Não há como  enveredar pela  história  da  conquista  e  colonização  do  RN  sem  ressaltar a importância da  atividade dos jesuítas, em cuja  conquista  intervieram pessoalmente  nas  pazes com os potiguares. Essa  atividade divide-se em três períodos:  O primeiro foi o de conversão  e  catequese intensa antes da  invasão  holandesa; O segundo período  compreende as lutas travadas pelo gentio indígena  entre o  rio  assu  e  o  jaguaribe  com a  ALDEIA  DO  LAGO  PODY, e  ao mesmo tempo  e  até o  fim  nas  fazendas  e 
aldeias. O  Padre  Francisco  Pinto, principal agenciador  das  pazes, em carta  de  17  de  Janeiro  de  1600, recapitula  e  completa  as
notícias  afirmando que havia no distrito do RN cerca de 150 aldeias, já desfalcadas de gente pela  terrível  epidemia da  varíola. Os índios  potiguaras  afeiçoaram-se  muito  ao  Padre  Francisco  Pinto.
             No capítulo  concernente  à  carta do  Padre  Mateus de Moura, já referida no artigo anterior, em que aborda a carismática figura
do  respeitável e  magnânimo  Padre  PHILIPE  BOUREL, segue  a  narrativa  daquele  jesuíta:  "...A vida da ALDEIA DO LAGO  PODY continuou
neste  ambiente  de  apostolado em  meio  versátil  e  difícil, durante  alguns  anos, até que  a  15  DE  MAIO  DE  1709  faleceu  nela  o padre  PHILIPE  BOUREL".  Estava  só no tempo  em que faleceu, por andar fora  em  missão o seu  companheiro. Se, não era  ainda, mas já
ordenado de sacerdote, o  padre  BONIFÁCIO  TEIXEIRA, foi-o  algum tempo depois. Não há  narrativa  deste  período. Com a morte do padre Philipe  Bourel, sucedeu-o  o  seu colega  Bonifácio  Teixeira, que no ano de  1711  tinha feito o  batismo de  mais de 150 meninos  e
70  adultos  indígenas, que assim  morreram  cristãos. Muitos, porém, recusavam por  antigas  superstições.
             Há que se observar  o  importante  perfil  espiritual  do  padre  PHILIPE  BOUREL  traçado  pelo  celebrado  historiador  LORETO COUTO, em sua  consagrada  obra  intitulada "DESAGRAVOS  DO  BRASIL", em anais da Biblioteca  Nacional - Rio de Janeiro, pág. 350: "Sábio,  a  sua  ciência  é  atestada pelo  fato de  que  o  Padre   Provincial  de  Portugal, antes  de  embarcar  o  Padre  PHILIPE  BOUREL,
pediu ao  Provincial  do  Brasil  que  lho  cedesse  um ano  "para ser  Lente  de  matemática  na  Universidade de Coimbra. Carta de 10 de
Fevereiro de  1695.  O  Padre  PHILIPE  BOUREL  fez  em  Coimbra, a  02  de  Fevereiro de 1695, a  sua profissão solene.  O  historiador
JOÃO  ANTONIO  ANDREONI  escreveu  sobre  ele  uma  breve  biografia  latina. Conta-se que  ressuscitara uma criança, que morreu sem batismo, e  ele vendo a  mãe  chorar, desenterrrou a criança  que  voltou à  vida; e batizando-a, ainda  durou  algum tempo. Diz o historiador  LORETO COUTO, em obra já citada, que conservava-se uma pintura  desse  fato na  Aldeia do Apodi, aonde se dera  a  cena, e cujos ecos  recolheu  o  renomado  historiador. Resta  a  indagação: Onde estará  esta  memorável  e  histórica  pintura?.
              A  missão jesuíta  em Apodi  seguiu  sua  trajetória  espiritual. Recrudescendo as  perturbações e mostrando-se versáteis  e  inconstantes os  Paiacus, o  Missionário  padre  BONIFÁCIO  TEIXEIRA  recolheuse  à  Olinda,em Pernambuco. Indo  para a  Aldeia do Lago  Pody  uma  tropa  de  soldados paulistas  para  impor  a ordem, o  Padre  Bonifácio  acompanhou-a  para  cuidar  espiritualmente
dos soldados. A tropa  foi desbaratada  pela  indiada, e  o  Padre  Bonifácio  foi  ferido, falecendo  poucos  dias  depois.
              Com essa  cruz  tumular  do  padre  BONIFÁCIO  TEIXEIRA  se  encerra  a  HISTÓRIA  JESUÍTICA DA  ALDEIA  DE  SÃO  JOÃO  BATISTA  DO  LAGO  PODI.

Por Marcos Pinto.
Fonte da figura: internet.

Um comentário:

Unknown disse...

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