sexta-feira, 29 de junho de 2012

EVOLUÇÃO URBANÍSTICA DE APODI - HABITANTES DO "QUADRO DA RUA" NOS ANOS DE 1930 A 1950 (Parte -03).

        Na  retentiva  do  tempo,  há  a  certeza  de  que  as  nossas  ruas  representam  nostálgicos  CAMINHOS  DA SAUDADE, com  a  presença  marcante  da  arquitetura  antiga  das  casas  e  casarões  senhoriais  que  fizeram  a  história  de  Apodi. Observando-os  com  os  "olhos do  coração", somos  assediados  por  estranha  emoção, como  se estivéssemos  diante  venerandos  guardiões  dos  mistérios  circundantes.   Habitações  de  homens  e  mulheres  que  um dia   lutaram, sonharam, construíram, somaram  esforços  para  que  a  cidade  galgasse  os  degraus  do  desenvolvimento  urbano  atual.  As  antigas  denominações  dos  seis  becos  que  ainda  existem  nas  duas  ruas  que  compõem  o  "Quadro da  Rua"  perderam-se  nas  cinzas do  tempo, e  assim,  desapareceram  os referenciais  toponímicos  dos  becos da  antiga  "Rua da  Matriz  do  lado  do  nascente", atual  rua  São  João  Batista, observando-se  no sentido  Cemitério/Lagoa:  BECO  DE  LUZIA  PURANA, BECO  DE  JOÃO  DE  BRITO, BECO  DA  PADARIA DE  ANTONIO  DUARTE. Passemos, agora, para  os becos  da  antiga  "Rua da  Matriz  do  lado  do  poente", atual  Rua  N. Sra. da  Conceição: BECO DE ANÁLIA DO HOTEL, BECO  DE  COTÓ, BECO DA  MATANÇA (Atual beco  do Banco do Brasil) que  dava  acesso ao  antigo  matadouro  público  municipal, situado  alí  por  trás  do  Banco  do Brasil, no  alinhamento  da  rua  Marechal  Floriano.
Trecho antes denominado de Ilha das Cobras hoje fica a praça Robson Lopes.
(Foto da década de 90)
        Contextualizando, ainda, antigas  denominações  de  lugares  da  cidade, vale  ressaltar  a  importância  do  resgate  histórico  feito  pelo  nosso  renomado  historiador conterrâneo  JOSÉ  LEITE, em sua  memorável  obra  "FLAGRANTES  DAS  VÁRZEAS  DO  APODI", Livro  III, Vol. DCXXXIII,  quando  aborda  a  antiga  denominação  daquele  trecho  que  engloba  as  casas   situadas  logo  após  a  Igreja-Matriz (Nos dois lados) até  a  atual  casa  de  Antonio  Cabral  e  do  outro  lado  da  rua  até  a  casa  de  Dorinha  de  dona  Terta, cujo  trecho  tinha  a  estranha  denominação de  ILHA  DAS  COBRAS.  Segundo  JOSÉ  LEITE, estre  trecho  reunia  cerca  de  20  casas  até  a  década  de  1950.  Era  a  sede do  REINO  DOS  PICHECOS, apelido  atribuído  à  família  FERREIRA  LEITE,  cujos  componentes  eram  proprietários  de  04  casas  naquele  trecho: Lino  Leite, Luzia  Purana, Thereza  Leite, esposa  de  Manoel  Elias  e  Cassimira  Leite, sogra  de  Sêo  João  Soares. 
Entre  o  décimo-sexto  imóvel (Prédio  São  Vicente)  e  o  décimo-sétimo  existia (e  ainda  existe)  o  BECO  DE JOÃO  DE  BRITO, atual  beco  que dá  início  à  Rua  Governador  Dix-Sept  Rosado.  O  décimo-sétimo  imóvel  era  o  casarão  senhorial  do  Cel. Antonio  Ferreira  Pinto (25.05.1838/04.08.1909)  comprado  no  ano de  1940  aos  seus  herdeiros, pelo  Sr. JOSÉ  BRAZ  DE  OLIVEIRA, conhecido  popularmente  como  Zé de  Cândido, casado  com  dona  Amélia  Sizenando. Infelizmente  esse  casarão  foi demolido  em  2008  pelo  seu  proprietário  Raimundo  da  Cantina.  A  décima-sétima  casa  era  o  sobrado  de  Olinto  Ferreira  Pinto, filho  do  Cel. Ferreira  Pinto,  e  que  desde a  década  de  1970  pertence  ao  comerciante  Fernando  Menezes, sobrado  que  tinha  dois  pavimentos  superiores, conforme  se  vê  na  foto  que  encima  o artigo  parte  02.  A  décima-oitava  residência  pertencia  ao  Major  FRANCISCO  DIÓGENES  PAES  BOTÃO (Avô  materno  de  dona  Albaniza  Diógenes), natural de  Apodi, e  filho  do  cearense  de  "Riacho do Sangue" Major  Joaquim  Sulpino  Paes  Botão  e  sua segunda  esposa  Isabel  Sabina de  Oliveira, casal-tronco da  família  DIÓGENES  de Apodi.  Francisco  Diógenes  era  casado  com  Antonia  Ferreira  Pinto, filha  do  Cel. Ferreira  Pinto, e  foi  Presidente  da  Intendência  Municipal  de  Apodi, atual  cargo  de  Prefeito (01.01.1904/31.12.1903   e   01.01.1911/25.08.1914). A  décima-nona  casa  pertencia  ao  Sr.  HERMINO  TOLENTINO  ALVES  DE  OLIVEIRA, antigo  carcereiro  público  e  homeopata (1843/24.08.1934), casado  com  Petronila  Pastora  do  Patrocínio, filha  do  Padre  Antonio  Dias da  Cunha.  Sêo  Hermino/Petronila  foram  pais  de  Sêo  Emídio  Dias, que  por  sua  vez  é  pai  de  Altino (Pai de Vandinho  Marinho) e de  dona  Adolfina  Dias, mãe  do  velho  Lalá  Freitas.   
Seguindo  o roteiro  histórico-sentimental  das  exponenciais  figuras  que  habitavam  o  "Quadro da  Rua"  encontramos  a  vigésima  casa  pertencente  ao  fazendeiro  JOSÉ  MARINHO DA  MOTA, casado  com sua  sobrinha  paterna  Zulmira  Marinho, e  que  foram  pais  de  (dentre  outros) dona  Santoza, casada  com  Altino  Dias.  A  vigésima-primeira  casa  pertencia  ao  meu  avô paterno  ARISTIDES  FERREIRA  PINTO, casado com  dona  Cleonice  Maia  de  Oliveira (D. Nicinha).  A  vigésima-segunda  casa  pertencia  ao  Sr. MANOEL  JOÃO  POMBO, casado  com  Antonia  Pombo,  que  depois  mudou-se  para  Fortaleza-CE, onde teve  destacada  atuação  no  comércio  daquela  praça. Esta  casa  foi  adquirida  pelo  Sr. Raimundo  Silvestre, casado com  Ritinha, irmã de  Mundica  de  Isauro  Camilo.   A  vigésima-terceira  casa  pertencia  ao fazendeiro  LUÍS  BARBOSA  DE  MELO, casado  com  Francisca  Barbosa  de  Melo, (irmã de  Enéas  Barbosa, do  sítio  Água-Fria), , tendo  falecido  nesta  casa  a  17.12.1932, aos  50  anos  de  idade, deixando  uma  prole  de  10  filhos, dentre  eles  o  Sr. Juvancí  Barbosa.  Esta  casa  foi  adquirida  por  compra  pelo  seu  cunhado  ENÉAS  BARBOSA, do  sítio "Água-Fria", casado  com  Marta  Eulina  de  Melo  e  que  foram pais das  abnegadas  professoras  Mariinha  Barbosa  e  Albaniza.  A  vigésima-quarta  casa  pertencia  ao  Sr.  CARLOS  BORROMEU  DE  BRITO  GUERRA, casado com  Maria  Bezerra  Guerra (dona  Ná)  e  foram  pais  do  profícuo  historiador  Valter  de  Brito  Guerra.  Essa  casa  foi  adquirida na década  de  1940  pelos  "Correios  e  Telégrafos", que  instalou  sua  Agência, onde  funciona  até  os  dias  atuais.  A  vigésima-quinta  casa pertencia  ao  comerciante  TOMAZ  FERNANDES, natural de  Campo Grande-RN, casado  que  era  com  a  Apodiense  Maria  José  dos  Santos, filha de  Félix  Soares, e  em  segunda  núpcias  com  a também  Apodiense  Antonia  Benevides.  A  seguir  vem  o  BECO que  dá  início  à  atual  Rua  Cel. João  de  Brito.

Por Marcos Pinto - HISTORIADOR APODIENSE

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Sr Antonio Praxedes,

Estou em busca de minhas origens e antepassados e gostaria de sua ajuda.Um dos casais a que se refere no texto são meus bisavôs,são Manuel João Alpiniano Pombo e Antonia de Oliveira Pombo. Nossa família se desenvolveu aqui no Ceará e ficamos com poucos registros de nossa família do Rio Grande do Norte. Gostaria de saber se poderia me ajudar de alguma forma. O senhor saberia o ano dessa venda da casa deles? Ou já ajudaria saber a fonte desse dado a que se refere na matéria.

"A vigésima-segunda casa pertencia ao Sr. MANOEL JOÃO POMBO, casado com Antonia Pombo, que depois mudou-se para Fortaleza-CE, onde teve destacada atuação no comércio daquela praça..."

Desde já agradeço.
Atenciosamente,

Ana Carolina MM Correia